O modelo de escola que predomina na nossa sociedade é burguês, a concepção de educação que ampara a prática pedagógica de muitas de nossas escolas foi extremamente influenciado pelos pressupostos durkheimianos, tendo em vista que Durkheim, ao tomar a Educação como objeto de estudo da Sociologia, conclui que é a instituição escolar que deve preparar o indivíduo para a vida na sociedade capitalista moderna. O papel da Educação é de ajustar o indivíduo ao sistema, transformando a criança de um ser “egocêntrico” e “anti-social” em um ser “apto ao convívio social”.
O espaço escolar, de modo geral, funciona como transmissor de determinada cultura, a serviço da conservação do sistema e conseqüentemente da manutenção da hierarquia e das relações e poder que movem a sociedade. A cultura é tida então como um tipo de capital e a apropriação desta cultura hegemônica dá ao indivíduo status social.
Esta dominação cultural, conforme as idéias de Saviani (2006), se constitui em violência simbólica, no sentido de que uma classe social impõe significações, impõe seus valores culturais como referência para as classes subalternas, de modo que tais relações acabam por confirmar as relações de poder e dominação de ordem material e econômica existentes na sociedade. no decorrer da nossa história a Educação é privilégio dos ricos, daqueles que são detentores de poder, sendo reservado aos pobres e, portanto, dominados, a condição da ignorância e da manipulação que decorre da primeira.
Entretanto, o modelo de educação burguês não é a única forma possível de educar e nem o modelo de escola criado na modernidade e sustentado pelo sistema capitalista é o melhor espaço de aprendizagem para os sujeitos inseridos na sociedade.
Neste sentido, o espaço escolar, compreendido agora não como lugar de reforço do sistema posto, mas como espaço de transformação social, tem o papel importantíssimo de exercitar a prática de avaliação, no sentido de analise de ações, de despertar e de conscientização para que, como prática reflexiva, se estenda para além dos muros da escola, para o exercício da cidadania.
O que se espera como resultado desta proposta de educação é que se promova a apropriação dos bens culturais disponíveis, ao lado do desenvolvimento de competências relativas à capacidade de analise crítica, na formação do cidadão para agir na transformação da sua condição de dominado e explorado dentro da sociedade.
É nesta perspectiva, de humanização da sociedade e de libertação da condição de oprimido do trabalhador que serão apresentadas as idéias de Saviani (2006) sobre as questões educativas, tendo em vista que seu objetivo é formar cidadãos capazes de lutar pela superação da sociedade burguesa rumo à sociedade democrática em sua essência. Ou seja, é colocar nas mãos do educador “uma arma de luta” contra a dominação.
O objetivo desta proposta de educação é a criação das condições para o surgimento de uma nova cidadania, como espaço de organização da sociedade para a defesa de direitos e a conquista de outros tantos. Trata-se de formar para e pela cidadania para a gestação de um novo espaço público que leve a sociedade a ter voz ativa na formulação das políticas públicas, possibilitando mudanças na atual conjuntura política e social.
Texto retirado da minha monografia de especialização em Docência Superior:
CARVALHO, I.L.P.M. A Formação Específica Para os Educadores de Educação de Jovens e Adultos - EJA. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 2010.
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